Eram onze horas da noite de uma quinta-feira qualquer, quando um homem solitário transpassou a cortina de um bar qualquer. Sua presença era tão tímida, que nenhum dos outros três clientes, que a essa altura já estavam sentindo os efeitos avançados do álcool, percebeu sua chegada. Com uma rápida olhada no ambiente, ele localizou uma mesa mais afastada em um canto e para ela se dirigiu, sentando praticamente no escuro, silencioso e imóvel.
Esperou alguns minutos até que o dono do bar percebesse sua presença e o fosse atender. Solicitou um uísque e permaneceu igualmente em silêncio, de cabeça baixa. Com exceção dos goles do uísque, ele só mexeu sua cabeça quando a cortina novamente se mexeu. Um senhor de idade estava entrando no recinto e, com passadas leves, deslizou até a mesa onde o homem se encontrava, cumprimentando-o com um aceno de cabeça. Os dois pareciam ansiosos para se encontrar e começaram a conversa.
— Há quanto tempo hein? — perguntou o primeiro.
— Sim, faz uns treze anos mais ou menos. — respondeu o velho.
O primeiro homem lembrou-se da última vez em que eles haviam se visto, a conversa durou a noite toda. Entre os assuntos discutidos, estavam a forma de como a cidade estava sendo gerida por políticos corruptos, que empregavam os recursos municipais em seus próprios bolsos e como isso havia aumentado a miséria na cidade. Depois daquela conversa, cada um foi para o seu lado e, dentro de alguns dias, os administradores públicos que estavam corrompidos foram lentamente se afastando de seus cargos, e novas políticas sociais foram implantadas na cidade.
Agora havia pouco a se dizer. Apesar de não falar, os dois sabiam o porque haviam se encontrado ali. As notícias nos jornais estavam piorando. A sombra dos velhos problemas estava pairando novamente sobre a cidade. Os dois haviam se encontrado ali por um motivo.
— Bem, eu acho que vou conversar com umas três ou quatro pessoas. — disse o primeiro homem.
— Sim, seus métodos são bem convincentes. Acho que você conseguirá doutriná-los novamente — respondeu o velho.
Logo em seguida, os dois saíram do bar. Foram juntos até a porta e depois cada um para seu lado, sem olhar para trás. Dentro de pouco tempo, os dois sabiam que as coisas voltariam para seu lugar. Os métodos não falhavam.
LANÇAMENTO DE LIVRO NO MUSEU DA PRAÇA
Há 5 anos
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