12/11/2007

Bar, histórias e justiça

Eram onze horas da noite de uma quinta-feira qualquer, quando um homem solitário transpassou a cortina de um bar qualquer. Sua presença era tão tímida, que nenhum dos outros três clientes, que a essa altura já estavam sentindo os efeitos avançados do álcool, percebeu sua chegada. Com uma rápida olhada no ambiente, ele localizou uma mesa mais afastada em um canto e para ela se dirigiu, sentando praticamente no escuro, silencioso e imóvel.

Esperou alguns minutos até que o dono do bar percebesse sua presença e o fosse atender. Solicitou um uísque e permaneceu igualmente em silêncio, de cabeça baixa. Com exceção dos goles do uísque, ele só mexeu sua cabeça quando a cortina novamente se mexeu. Um senhor de idade estava entrando no recinto e, com passadas leves, deslizou até a mesa onde o homem se encontrava, cumprimentando-o com um aceno de cabeça. Os dois pareciam ansiosos para se encontrar e começaram a conversa.

— Há quanto tempo hein? — perguntou o primeiro.

— Sim, faz uns treze anos mais ou menos. — respondeu o velho.

O primeiro homem lembrou-se da última vez em que eles haviam se visto, a conversa durou a noite toda. Entre os assuntos discutidos, estavam a forma de como a cidade estava sendo gerida por políticos corruptos, que empregavam os recursos municipais em seus próprios bolsos e como isso havia aumentado a miséria na cidade. Depois daquela conversa, cada um foi para o seu lado e, dentro de alguns dias, os administradores públicos que estavam corrompidos foram lentamente se afastando de seus cargos, e novas políticas sociais foram implantadas na cidade.

Agora havia pouco a se dizer. Apesar de não falar, os dois sabiam o porque haviam se encontrado ali. As notícias nos jornais estavam piorando. A sombra dos velhos problemas estava pairando novamente sobre a cidade. Os dois haviam se encontrado ali por um motivo.

— Bem, eu acho que vou conversar com umas três ou quatro pessoas. — disse o primeiro homem.

— Sim, seus métodos são bem convincentes. Acho que você conseguirá doutriná-los novamente — respondeu o velho.

Logo em seguida, os dois saíram do bar. Foram juntos até a porta e depois cada um para seu lado, sem olhar para trás. Dentro de pouco tempo, os dois sabiam que as coisas voltariam para seu lugar. Os métodos não falhavam.