23/05/2005

Nada a Ver

Essa semana, ao aguardar uma médica que eu iria entrevistar, li um artigo na revista Época no qual o autor dizia que gostava do Big Brother. Uma das justificativas que ele apresentou para falar que gostava do programa é que ele não tinha enredo, os produtores e editores conseguiam criar uma história “do nada”. Os participantes não faziam nada de emocionante, sua estada na casa era o mais absoluto tédio, e que os editores transformavam toda aquela banalidade tediosa em história, em algo com algum sentido, em algo que dava pra se entender.
Venho eu agora dizer que: Ok, eles criam uma história do nada, trazem sentido para uma coisa sem sentido, mas qual o valor daquilo que eles criam? Até que ponto, essa “mágica” cria algo que possa adicionar algo para quem está assistindo? Será que o “objeto” criado tem algum valor prático, ou ele só tem um sentido e mais nada?
Questiono isso, pois a qualidade do que se coloca hoje na tela da televisão brasileira é algo sofrível. Os programas não servem para colaborar para uma melhor formação da população, e não ajudam as outras instituições (escola, família) a dar uma melhor formação para os jovens. Reconheço que essas mesmas instituições estão sucateadas, e talvez esse seja um dos motivos pelos quais a população não encontre razão para fazer uma análise crítica daquilo que assiste e engole todos os dias. Sinceramente já perdi as esperanças de que isso irá mudar algum dia, hoje vivo na base do “salve-se quem puder”.
Como um estudante de comunicação, futuramente poderei trabalhar em uma emissora de TV, que contará com meus serviços para continuar com essa política do “nada a ver” e aí então rezarei para que eu possa fazer alguma diferença e não seja engolido por esse sistema que hoje eu condeno.
Até lá, sigo com a TV desligada.