04/12/2004

Frente a Frente

Capítulo 1

Apolinário deu um pulo do sofá. Acordou assustado com o toque da campainha. Há umas cinco horas atrás, ele chegou em seu pequeno apartamento morto de cansaço e desabou no sofá. Estava cansado não só do seu trabalho chato, mas também de sua vida monótona, das pessoas chatas e sem idéias ao seu redor e principalmente de sua casa mal assombrada (na verdade, a casa não era mal assombrada, pois nem mesmo as aparições de outro mundo gostavam de lhe visitar). Levantou-se do sofá e cambaleando, foi abrir a porta indagando sobre quem poderia ser. Aquilo não era comum, não com ele. Chegou até a porta e com muita preguiça destravou a porta quando ouviu novamente o som da campainha.
- Já vai! Cacete!
Destrancou a porta e a abriu só um pouquinho, para que pudesse ver quem era,quando o fez, ficou estarrecido.
- Caralho...
Abriu a porta toda para ter certeza do que viu, deu um passo atrás quando a pessoa entrou no apê. Apolinário não podia acreditar, mas a pessoa que estava em sua frente lhe fitando com cara de desprezo era ele mesmo! Apolinário olhou para si mesmo e pensou em alguma explicação lógica para aquilo, mas não achou nada que lhe fosse convincente, achou forças para perguntar e disse:
- Quem é você?
- Quem sou eu? Num ta vendo não? Eu sou você!
- Como assim? Você sou eu?!
- É, você mesmo.
- Para de palhaçada!
- Como assim palhaçada, você não está se reconhecendo não?
- To, você é minha cara, mas eu não acredito nisso, como você pode ser eu?
- Eu sou você. Hoje de manhã, eu saí daqui primeiro do que você, deixei você dormindo e saí!
- Mas não tinha ninguém aqui hoje de manhã, só tinha eu!
- Exatamente!
- Caralho, que merda! Você ta me enganando, deve ter alguma explicação lógica para isso.
Apolinário se empurrou e enquanto caía no sofá, deu um grito consigo mesmo.
- Puta que pariu! Como você é burro! Eu sou você e posso te dar todas as provas de que eu sou você mesmo!
- Você deve ser algum irmão gêmeo meu que foi separado de mim quando eu era pequeno! É, foi isso!
- Já que ainda duvida, faça um teste. Pode perguntar qualquer coisa sobre você que eu vou responder.
- Então ta. O que a Mariana falou comigo quando eu pedi pra ficar com ela na festa da formatura do terceiro ano?
- Que não ficaria com você porque ela era uma paranormal, via gente morta, e você ia acabar não se acostumando com a idéia, e por isso era melhor você desistir pra não se magoar depois.
- Ah, essa não valeu, algum conhecido deve ter te contado!
- Pense bem, pra quem você contou essa história?
- Que eu me lembre pra ninguém!
- Então, como eu ia saber disso?
- Não sei, mas quero uma prova mais consistente! Como por exemplo...ah, o que aconteceu naquela madrugada quando eu tava voltando de carro sozinho pra casa depois da festa de formatura do pessoal do colégio católico?
- Você tava voltando pra casa e viu uma garota pedindo carona na avenida. Parou o carro e gentilmente ofereceu uma carona. A garota subiu no carro e começou a conversar, quando vocês já bem a vontade no carro, você chegou perto dela e percebeu uma “coisa” diferente, só então você percebeu que ela tinha a voz grossa demais e peitos de menos para uma fêmea, então você teve que implorar a ela para que não contasse a ninguém. E não adianta negar que esse tipo de derrota não se conta a ninguém!
- Caralho, ninguém sabia disto, mas o traveco podia ter te contado...
- Mas ele não teria como saber que quando você chegou em casa, você vomitou durante meia hora.
Apolinário fez uma cara de espanto.
- Você sou eu mesmo!
- Agora você acredita.
-E estou aliviado, pois por mais que você saiba da maior derrota da minha vida, você não vai poder contar a ninguém, pois VOCÊ também fez isso!

A nova estória

Aí pessoal, gostaria de comunicar a vocês meu novo trabalho. É uma idéia meio psicodélica que veio na minha cabeça e transformei-a em uma estória, um romance. Não sei se posso chamar isso de romance, mas aos que lerem gostaria que comentassem o que acharam e mandassem um mail ou usassem a parte de comentários do blog.

Um abraço!